Por Marcos Pinotti*
A evolução tecnológica no setor agrícola é hoje mais crucial do que nunca. A indústria, como um todo, está enfrentando desafios significativos, desde o aumento dos custos de insumos, escassez de mão de obra e a crescente demanda por práticas sustentáveis e transparentes. Existe um reconhecimento crescente das corporações agrícolas de que são necessárias soluções imediatas para enfrentar esses obstáculos e, felizmente, a tecnologia agrícola, também conhecida como Agritech, apresenta-se como uma resposta promissora.
Este novo conceito refere-se ao uso de tecnologia na agricultura para melhorar a eficiência, produtividade e sustentabilidade na produção de alimentos. Isso inclui diversas inovações como agricultura de precisão, irrigação inteligente, biotecnologia e automação. Além disso, há avanços tecnológicos significativos que estão transformando o setor em áreas como agricultura vertical interna, tecnologia pecuária, práticas modernas de estufa, inteligência artificial e blockchain.
Globalmente, a agricultura enfrenta desafios como mudanças climáticas, tensões geopolíticas e degradação dos recursos naturais, notadamente a qualidade do solo. Com a população mundial projetada para atingir 9,1 bilhões até 2050, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), a segurança alimentar torna-se uma preocupação premente. Nesse contexto, o Agritech surge como um motor potencial para a próxima grande revolução agrícola, com a IA permitindo uma produção mais eficiente e sustentável.
Inovações na agricultura de precisão
A tecnologia tornou-se essencial para a operação de fazendas comerciais. Empresas de agricultura de precisão desenvolvem soluções que permitem aos agricultores otimizar os rendimentos ao controlar variáveis como umidade, condições do solo e microclimas. Um estudo da Grand View Research projeta que o mercado de agricultura de precisão alcançará US$ 43,4 bilhões até 2025, atraindo uma nova geração de agricultores interessados em startups ágeis.
Blockchain e rastreabilidade alimentar
O Blockchain está sendo aplicado ao agronegócio para aumentar a rastreabilidade e a transparência em toda a cadeia de produção de alimentos. Com a tecnologia, é possível criar registros imutáveis que rastreiam a jornada dos alimentos do produtor ao consumidor final, garantindo a autenticidade, qualidade e segurança dos produtos.
Essas e outras tecnologias estão impulsionando a inovação e a transformação digital no agronegócio, fornecendo benefícios como aumento da produtividade, redução de custos, tomada de decisão assertiva, maior qualidade do produto e uma abordagem mais sustentável para a agricultura.
Agricultura e inteligência artificial
De acordo com o relatório da Markets and Markets, o mercado global de IA na agricultura deverá crescer de US$ 1,7 bilhão em 2023 para US$ 4,7 bilhões até 2028, destacando o papel fundamental das tecnologias avançadas neste setor.
Integrar inteligência artificial na agricultura, além de remodelar as práticas atuais, abre caminho para um futuro sustentável e resiliente. Essa tecnologia pode contribuir para o monitoramento e ajuste de cada estágio de crescimento no campo, da seleção de sementes à colheita, como também respondendo rapidamente as condições climáticas, garantindo a saúde e o rendimento ideal da colheita.
Uma abordagem colaborativa para a sustentabilidade
Apesar dos avanços, a adoção de tecnologias agrícolas ainda enfrenta desafios. Conforme o relatório do McKinsey Insight, apenas 39% dos agricultores globalmente adotaram algum serviço tecnológico, devido à incerteza do retorno sobre o investimento. A falta de clareza sobre o retorno sobre o investimento (ROI) em tecnologia é uma das principais razões para as baixas taxas de adoção. Uma abordagem multissetorial é necessária para escalar o uso inclusivo de Agritech.
Diante do crescimento populacional e pressões ambientais, a adoção de tecnologias Agritech será vital para garantir um futuro agrícola sustentável e produtivo. Transformar a agricultura através da tecnologia não é apenas uma oportunidade, mas uma necessidade imperativa para os próximos anos.
*Marcos Pinotti é diretor de engajamento da Kron Digital