Shell Brasil, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade de São Paulo (USP) assinaram um convênio que viabilizará a realização de 15 novos projetos de pesquisa e desenvolvimento dentro do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE).

Ao longo dos próximos cinco anos, o foco dos estudos do CINE será aprimorar tecnologias para produzir energia usando fontes renováveis e processos de baixa pegada de carbono. O objetivo é tornar essas tecnologias cada vez mais eficientes, econômicas e sustentáveis.

“O CINE pesquisa tecnologias alinhadas com as necessidades do mercado e com os desafios energéticos do mundo de hoje. E a Shell tem o compromisso com a inovação e o desenvolvimento de soluções tecnológicas para realizar a transição energética. Estamos construindo, em formato de parceria com as mais habilitadas instituições, as bases desse caminho que visa transcender fronteiras, em um centro de excelência internacional”, comenta Olivier Wambersie, diretor de Tecnologia e Inovação da Shell Brasil.

Os novos projetos serão divididos em quatro programas de pesquisa que se interconectam: Geração de Energia, Armazenamento Avançado de Energia, Hidrogênio Verde e Design Computacional de Materiais. Inicialmente, a equipe científica envolvida será formada por pesquisadores ligados a 11 instituições de ensino e pesquisa brasileiras.

Nessa etapa, serão investidos R$ 82,4 milhões, dos quais R$ 62,4 milhões são financiados pela Shell, por meio da cláusula em PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A Fapesp investirá os demais R$ 20 milhões.

Segundo Ana Flávia Nogueira, diretora do CINE e professora do Instituto de Química da Unicamp, o maior desafio da transição energética é gerar alternativas ao uso de combustíveis fósseis. “Impossível falar em combustíveis do futuro sem pensar em desenvolver energias renováveis que reduzam gradualmente o uso de gás natural, petróleo e carvão na geração de calor e energia nos processos industriais. Para garantir a continuidade desse processo, é crucial implementar soluções de armazenamento de energia em grande escala, que supram a demanda mesmo nos períodos de intermitência das fontes renováveis”, explica a diretora.

E ela complementa: “O hidrogênio de baixo carbono se destaca como um elemento versátil, pois pode ser utilizado tanto como combustível direto quanto como matéria-prima para outras moléculas, ao ser combinado com CO₂ capturado de outros processos”.

Áreas de pesquisa

Em Geração de Energia, destaca-se um projeto de energia solar que usa material inovador baseado em cristais de perovskita, matéria-prima mais barata e com menor pegada de carbono em sua fabricação, quando comparado ao painel de cristais de silício, amplamente aplicado atualmente. Os pesquisadores pretendem criar protótipos para testar em ambientes representativos.

O programa de Armazenamento Avançado de Energia aprimora tecnologias de armazenamento de energia elétrica, com melhor desempenho e custo acessível. O intuito é utilizar essas tecnologias para armazenar energia quando houver excesso e fornecê-la quando houver demanda, compensando dessa forma a intermitência de fontes de energia renovável.

O programa do Hidrogênio Verde se dedicará a identificar materiais inovadores que ajudarão na redução de custos de componentes-chave dos chamados eletrolisadores, equipamentos responsáveis pela geração de hidrogênio verde através da quebra da molécula da água. Os pesquisadores também buscam oportunidades na melhora de eficiência destes equipamentos, através de estudos avançados no tema.

A área de Design Computacional de Materiais contará com as ferramentas de computação e inteligência artificial (IA) do CINE para realizar análises de viabilidade de cenários, avaliando de antemão a probabilidade de sucesso de alguns caminhos de desenvolvimento dos demais programas, encurtando a rota de sucesso da tecnologia em análise.

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