*Por Rafael Segrera
À medida que nos aproximamos do Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, é imperativo que reflitamos sobre o papel crítico que esse ecossistema único desempenha no bem-estar de nosso planeta. A Amazônia abriga uma biodiversidade sem igual, assim como populações indígenas e ribeirinhas. Como executivo e cidadão, tive o privilégio de visitar a Comunidade do Tumbira, localizada a cerca de uma hora e meia de barco de Manaus, em junho deste ano, e posso afirmar que possuímos um grande desafio: alcançar o desenvolvimento sustentável da região antes que a floresta chegue ao ponto de inflexão.
Em outras palavras, a Amazônia pode perder sua capacidade de se sustentar e se regenerar após o longo histórico de incêndios e desmatamentos, se transformando em uma savana nos próximos anos. De acordo com dados do MapBiomas, divulgados na COP 27, mais de 45 gigatoneladas de CO² foram emitidas desde 1985 devido ao desmatamento da floresta amazônica.
São também preocupantes as inúmeras comunidades ribeirinhas que estão atualmente isoladas devido à infraestrutura energética inadequada ou inexistente. Falta acesso à energia confiável e limpa para os habitantes locais. Portanto, o desenvolvimento sustentável da Amazônia significa proteger o meio ambiente, sem abrir mão da evolução da qualidade de vida dos moradores. Ambos caminham juntos. Mas, como fazer isso?
A resposta está na implementação de soluções energéticas inovadoras, como microrredes alimentadas por sistemas solares e hidrelétricos. Assim, podemos abrir caminho para que essas comunidades tenham acesso à eletricidade sem depender de práticas prejudiciais ao meio ambiente. Essas iniciativas de energia limpa não apenas reduzem as emissões de carbono, mas também melhoram o bem-estar das famílias que habitam a região, levando além da energia o acesso ao digital, que abre portas para a educação, a saúde e a geração de renda, sem que as populações nativas precisem se deslocar para outras cidades ou estados.
A colaboração entre governos, comunidades locais, ONGs e o setor privado é fundamental para implementar iniciativas que empoderem o conhecimento indígena local e integrem suas práticas sustentáveis com tecnologias modernas. Além disso, investimentos em programas de educação e capacitação podem garantir que as comunidades locais participem ativamente e se beneficiem desses avanços.
Assim, é crucial enfatizar que a transição para uma Amazônia sustentável e tecnologicamente avançada não representa apenas um esforço de conservação; é uma estratégia multifacetada que gera oportunidades socioeconômicas. Empregos verdes em energia renovável, ecoturismo e agricultura sustentável podem empoderar as comunidades locais ao mesmo tempo que preservam seu patrimônio cultural e tradições.
Ao celebrarmos o Dia da Amazônia, em 5 de setembro, reconheçamos a urgência de nossas ações. A convergência da tecnologia e da inovação energética apresenta uma chance sem igual de preservar a floresta amazônica para as gerações futuras. Ao abraçarmos uma abordagem holística que respeite tanto o meio ambiente quanto o bem-estar das comunidades locais, podemos criar um equilíbrio harmonioso que garanta a sobrevivência desta maravilha natural e promova a prosperidade para todos que a chamam de lar.
*Rafael Segrera é presidente da Schneider Electric para a América do Sul
Crédito da foto em destaque: Divulgação