O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, disse, na quarta (11/9), que o futuro das relações agropecuárias entre Brasil e China é promissor e reforçou a necessidade de continuar trabalhando para que as conquistas se mantenham e o relacionamento se fortaleça nos próximos anos.

Relações agropecuárias entre Brasil e China

Martins participou da abertura do evento “Reflexões sobre um eventual Acordo de Livre Comércio Mercosul-China”, na sede da entidade, em Brasília (DF). O encontro reuniu presidentes de federações de agricultura e pecuária, diretores do Sistema CNA/Senar e especialistas para debater o tema.

O encontro faz parte das celebrações de 50 anos do relacionamento entre os dois países, que completa meio século em 2024, e foi realizado juntamente com o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), que apresentou um estudo com os impactos de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e o país asiático.

“A celebração dos 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, em 2024, é um marco importante, que lembra do quanto já conquistamos juntos e do potencial que ainda temos para explorar”, destacou.

No início de seu discurso, Martins falou sobre o significativo crescimento na parceria, especialmente no setor agropecuário, em que a China, com vasta população e crescente demanda por alimentos, tornou-se o principal destino das exportações do setor.

Já o Brasil, com sua alta capacidade de produzir, com qualidade, e de forma sustentável e competitiva, consolidou-se como o principal fornecedor de alimentos para a China. Em 2023, mais de 36% das exportações agropecuárias foram destinadas ao mercado chinês.

“Esse número impressionante reflete não apenas a qualidade dos nossos produtos e os grandes avanços conquistados nas últimas décadas pelo setor, mas também a confiança que a China deposita no Brasil”, avaliou o presidente da CNA.

Investimentos e parcerias

Martins ressaltou que a parceria vai além da troca de mercadorias, pois os dois países têm trabalhado juntos em diversas frentes, incluindo investimentos em tecnologia agrícola, sustentabilidade e segurança alimentar. “A China tem investido no setor agropecuário brasileiro. São recursos fundamentais para impulsionar a inovação e fortalecer, ainda mais, a sustentabilidade em nossas práticas agrícolas”, explicou.

João Martins lembrou que, ao reconhecer a importância da China para o agro brasileiro, a CNA abriu, em 2020, um escritório de representação em Xangai. “Desde então, temos realizado missões comerciais e prospectivas, levando pequenos e médios produtores para vender seus produtos e conhecer a realidade do mercado”.

Neste contexto, a soja e a carne bovina se consolidaram no país asiático. Para Martins, a jornada ainda é longa para os produtores de frutas.

“A parceria sino-brasileira é uma via de mão dupla, pois ambos os países se beneficiam. Para a China, contribuímos para a garantia da segurança alimentar de sua população. Para o Brasil, a China representa vasto mercado, em constante crescimento, que nos permite expandir e diversificar as nossas exportações, proporcionando renda e melhores condições aos nossos produtores rurais”, enfatizou.

O presidente do CEBC, embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, destacou o papel pioneiro do setor agropecuário brasileiro, que soube ser competitivo, além de utilizar suas vantagens comparativas para se destacar no comércio global. “E hoje apresenta um comercio exemplar com a República Popular da China e uma expansão internacional exemplar em relação ao resto do mundo”, afirmou.

O executivo também lembrou dos desafios enfrentados pelo Mercosul nos primeiros anos de existência e as oportunidades que o bloco sul-americano pode ter com um acordo de livre comércio com o país asiático, gerando “efeitos positivos para o PIB dos países membros, apesar das assimetrias econômicas entre eles”.

Segundo Neves, pontos como harmonizações regulatórias, facilitação de investimentos e cooperação tecnológica podem criar cadeias de produção regionais mais estratégicas e sustentáveis. Ele disse, ainda, que um acordo desta natureza promoveria maior abertura econômica, especialmente no Brasil, “promovendo uma inserção mais competitiva na ordem econômica internacional”.

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