A agricultura tropical é a solução contra a insegurança alimentar, mudanças climáticas, desigualdade social e insegurança energética, pois pode ampliar a área plantada e melhorar ainda mais sua produtividade. A avaliação é de Roberto Rodrigues, embaixador especial da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e Conselheiro da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), que participou do 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), realizado no dia 5 de agosto.
“O cenário atual mostra que não há líderes nem uma organização multilateral fortalecida. Com isso, o Brasil tem a oportunidade de ser protagonista nesse processo. Mas, é preciso montar uma estratégia consistente, adequada e articulada com o setor privado, além de se ter parceiros do mundo tropical”, afirmou Rodrigues.
Para Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), o Brasil precisa amadurecer por dois caminhos: defesa e influência. O primeiro item está ligado à contenção de danos e está sendo feito pelo setor no caso das regulamentações europeias. “Precisamos influenciar quem influencia, especialmente no debate técnico, levando as especificidades da agropecuária brasileira para organizações internacionais que, de alguma forma, ainda têm sua importância”, avaliou.
Complementando a análise de Sueme, Silvio Cascione, diretor e chefe da Eurasia Group no Brasil, destacou que também é preciso propor iniciativas de parcerias comerciais, mas também de financiamentos, para que a diplomacia possa colaborar nas negociações. “O governo não tem capital para atender todas as demandas de financiamento, então podemos buscar outros parceiros, além dos atuais, para investir na agricultura de baixo carbono, na recuperação de áreas degradadas, que exigem um capital muito grande. Há investidores interessados nesta agenda”.
Outro ponto tratado por ele foi a importância de o país manter uma posição de neutralidade e continuar investindo no multilateralismo para atender a demanda da China, do Oriente Médio, que está em transição, e da Índia, sem deixar de ser parceiro da Europa e dos Estados Unidos. “Não é nada trivial ter boas relações com todos os atores, ainda mais num mundo que se apresenta mais fragmentado e pela rivalidade entre a China e os Estados Unidos”, comentou Cascione.