*Por Carlos Eduardo Sedeh
No contexto de uma sociedade cada vez mais permeada pela tecnologia, o agronegócio brasileiro emerge como um terreno fértil para a revolução digital. Em Goiânia, por exemplo, a demanda por conectividade e softwares de cibersegurança crescem em convergência com soluções automatizadas, que buscam garantir a conexão de ponta e investir em inovações disruptivas, moldando uma nova era do agronegócio alavancando os rendimentos do campo.
No entanto, destaca-se aos olhos os grandes produtores desse setor, que têm otimizado a lavoura e reduzido as perdas por meio dos novos recursos. Mas para os pequenos e médios agricultores ter acesso à conexão de alta qualidade ainda parece ser um desafio. Por isso, levar internet e estabelecer uma comunicação de dados nas áreas rurais é o ponto de partida para o processo de evolução, no qual empresas de telecomunicações precisam estar empenhadas para desenvolver projetos de implantação de redes de fibra óptica aliadas às tecnologias de transmissão móvel.
O incentivo público para que o setor de telecom possa ampliar a infraestrutura nos locais mais remotos do Brasil deve focar em fortalecer não somente os grandes empreendedores do agro, mas também os produtores menores. Pois eles são menores quando sozinhos, mas o grupo é grande e volumoso e com certeza irá impactar ainda mais positivamente o crescimento do PIB brasileiro, principalmente, se tiverem acesso à informação, trabalho com dados e ferramentas de precisão digital.
Em pesquisa realizada pelo programa de gestão agroindustrial da FarmmOne, as lavouras com graus mínimos de automação podem impulsionar a produtividade em até 25% em comparação com aquelas que negligenciam a tecnologia. Um ganho que pode reverberar não apenas nas colheitas, mas também nos rendimentos dos agricultores. No entanto, mais de 70% das propriedades rurais ainda atuam sem conexão com internet ou utilização de ferramentas digitais, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE no primeiro semestre de 2022.
Todavia, desafios logísticos e a necessidade de políticas públicas voltadas a ações do tipo ainda se apresentam como barreiras para maximizar o crescimento do setor. É necessário promover estratégias de difusão de tecnologias entre produtores de menor porte, vitais para alimentar o mercado interno.
Claro, já avançamos. No cenário atual, os grandes agricultores demonstram cada vez mais aderir a jornada da transformação digital, e buscam usufruir do acesso a um ecossistema diversificado de soluções tecnológicas, que vão desde a Internet das Coisas (IoT) até a agricultura de precisão. Ferramentas que, quando incorporadas aos maquinários agrícolas essenciais, como tratores, plantadeiras e colheitadeiras, geram dados em tempo real que otimizam todo o processo produtivo.
Por meio de dispositivos interconectados, os produtores podem monitorar as condições climáticas, prever potenciais pragas e até reduzir a aplicação de agrotóxicos fazendo um manejo adequado para a utilizar defensivos de forma mais eficiente, reduzindo e prevenindo possíveis impactos ambientais.
Outra tecnologia que têm transformado o trabalho no campo e nas diferentes culturas é a utilização de recursos como drones, câmeras de alta resolução e ferramentas de inteligência artificial, quem têm exercido um papel preponderante na otimização do desempenho das lavouras. Tais tecnologias possibilitam a detecção precoce de problemas, permitindo respostas mais ágeis e a mitigação de perdas na colheita.
Por isso, ainda há alta demanda por tecnologia. E diversos polos de pesquisa, cientes da necessidade de melhorias, têm se voltado para o entendimento de como o agro também pode e deve ser tech. Em destaque está a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que por meio de pesquisa e estudos qualitativos e quantitativos têm contribuído com resultados, referências e dados sobre a parceria do agronegócio com a tecnologia.
Em resumo, com a iminência da implantação do 5G, uma nova plataforma tecnológica se ergue, pavimentando o caminho para uma disseminação ainda mais ampla de inovações no campo, acredito que o Brasil possui grande potencial para assumir o papel de liderança, investindo na ampliação das redes de internet para aumentar a capacidade de garantir o suprimento alimentar das gerações vindouras e conectar cada vez mais o agronegócio às oportunidades de se tornar uma referência mundial.
*Carlos Eduardo Sedeh é CEO da Megatelecom, empresa que oferece serviços personalizados na área de telecomunicações, e vice-presidente diretor da Telcomp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas)
Crédito da foto em destaque: Divulgação