Pela primeira vez em mais de 50 anos, a Shell lança seu estudo Cenários sobre os desafios de longo prazo para o futuro da energia, com olhar voltado para o Brasil Publicados desde a década de 70, o trabalho têm como principal objetivo oferecer possíveis visões do futuro e contribuir para a discussão com governos, academia e sociedade sobre como o mundo pode evoluir sob diferentes conjuntos de suposições no setor de energia.

No recorte inédito para o Brasil, feito a partir do estudo global Cenários de Segurança Energética da Shell, foram desenvolvidos dois cenários: o Sky 2050, que apresenta a transição mais rápida num mundo aberto ao comércio e que expande o acesso a fontes de energia com baixo teor de carbono; e o Arquipélagos, que considera uma realidade mais nacionalista, com sanções, barreiras comerciais e tarifas.

Em ambos, destaca a Shell, o país pode chegar a emissões líquidas zero de CO2 antes de algumas outras principais economias globais e se destaca tanto pelo potencial de liderança na transição para uma economia de baixo carbono, quanto como um importante supridor de energia para um mundo que demanda segurança e diversidade.

Paralelamente, há um espaço para a indústria de petróleo e gás continuar a crescer durante a próxima década, à medida que o país progride no sentido dos seus objetivos climáticos. “O setor brasileiro de óleo e gás desempenha um papel fundamental em uma transição energética justa, segura e inclusiva. Esses cenários podem contribuir para o planejamento e entrega dos compromissos assumidos pelo Brasil”, destaca Cristiano Pinto da Costa, presidente da Shell Brasil.

Ele acrescenta que o propósito não é tentar prever o futuro e trazer respostas definitivas, mas ajudar a ter contexto para decisões estratégicas. “Espero que a publicação possa contribuir para o debate e formulação de políticas públicas enquanto avançamos rumo à reunião do G20 este ano e COP30 em 2025.”

David Hone, conselheiro-chefe para as Mudanças Climáticas da Shell, comenta que olhar em profundidade para o Brasil apresentou à equipe um desafio “fascinante”, dada a riqueza de oportunidades que o país tem e a capacidade de gerenciar o carbono em uma escala globalmente relevante.

“O desenvolvimento de petróleo e gás, a produção de biocombustíveis, o potencial de captura e armazenamento de carbono e a gestão do carbono terrestre desempenham um papel importante e não tínhamos visto nenhum outro país com tantas possibilidades de contribuir de forma tão positiva para a história global da energia e do clima. Mas ambos os cenários também exigem um quadro político criativo construído em torno da gestão do carbono, incluindo a certificação e o comércio de emissões, tanto a nível nacional como, idealmente, a nível internacional”, afirma o executivo.

Um cenário demonstra o que seria necessário para o Brasil alcançar emissões líquidas zero de CO2 em 15 anos. Neste caso, seria preciso criar uma estrutura que alavanque o potencial de remoção de CO2, adotando os mais altos padrões de qualidade e melhores práticas internacionais, que promovam a entrega de benefícios sociais e resultados ambientais, criando as condições adequadas para o trabalho em conjunto dos setores público e privado no combate às mudanças climáticas. Nesse contexto, a célere implementação de um mercado de carbono é essencial.

Com sua matriz energética majoritariamente limpa, o Brasil tem oportunidade para desenvolver recursos ainda inexplorados, de hidrocarbonetos a renováveis, impulsionando o desenvolvimento econômico. Para isso, será preciso tomar decisões rápidas e estratégicas para garantir a competitividade dos projetos, com estabilidade fiscal e regulatória. Para garantir uma transição energética segura e justa, é essencial, pontua a Shell, manter a continuidade dos leilões anuais para exploração de petróleo e gás e garantir um mercado de gás natural flexível, ao mesmo tempo em que se promovem incentivos para fomentar a demanda pelo uso de energias renováveis.

Nos Cenários da Shell, a demanda por eletricidade pode duplicar até 2040 e triplicar até 2050. Espera-se que essa demanda seja atendida em grande parte por energias renováveis e, neste contexto, solar e eólica podem atingir 300 GW de capacidade instalada até 2050. Outra tendência é a expansão e adaptação do setor de bioenergia, com destaque para o potencial de quadruplicar as exportações de biocombustíveis. Nesse sentido, será importante, estabelecer um arcabouço político e regulatório que viabilize o desenvolvimento de novas oportunidades nesse segmento, como combustíveis de aviação sustentáveis (SAF), combustíveis navais de baixo carbono e produção de bioquímicos.

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