O crescimento dos serviços em ESG (sigla para Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança, em português) no Brasil é tema do novo estudo ISG Provider Lens Sustainability and ESG, produzido pela parceria entre as empresas TGT (consultoria) e ISG (pesquisa de tecnologia e consultoria de TI).
Segundo o relatório, com a alta do setor, os fornecedores de serviços e soluções de sustentabilidade enfrentarão a falta de profissionais qualificados em setores-chave, abrangendo desde estratégia de sustentabilidade até gestão sustentável de resíduos. A demanda por “green jobs” – trabalhos e ocupações que atuam diretamente com iniciativas de conservação e sustentabilidade – é prevista para exceder a disponibilidade de profissionais com as habilidades necessárias. Por este motivo, os fornecedores precisarão investir em programas de educação e formação para aprimorar as competências da sua força de trabalho.
Adriana Frantz, distinguished analyst da TGT ISG e autora do estudo, aponta que há um número significativo de fornecedores qualificados, indicando a forte competitividade do setor e o aumento das ofertas de sustentabilidade e ESG. Segundo ela, para manter a liderança nesse mercado, as empresas devem investir continuamente em inovação para criar produtos, tecnologias e modelos de negócios sustentáveis mais eficientes, enfrentando os desafios mais urgentes.
“Os fornecedores precisam estabelecer uma ampla rede de parcerias e alianças, incluindo diversas organizações, como ONGs, agências governamentais e outras empresas, para desenvolver e implementar soluções de sustentabilidade com rapidez. Isso pode auxiliar as empresas a alcançarem um público mais extenso e a criar soluções mais eficientes”, destaca.
Em 2023, o Brasil se tornou o primeiro país a adotar as normas do International Sustainability Standards Board (ISSB) em sua regulação, com o lançamento, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Resolução CVM 193, que dispõe sobre a elaboração e divulgação do relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade. A obrigatoriedade dessa adoção se inicia em 2026, exigindo também auditoria independente para validar as divulgações necessárias seguindo o padrão internacional (IFRS S1 e S2).
Além disso, em 2025, o Brasil sediará a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), uma oportunidade para liderar a diplomacia ambiental de países em desenvolvimento e organizações da sociedade civil ao fortalecer a agenda climática.
O resultado é que a indústria da sustentabilidade deve crescer, impulsionada por mudanças regulatórias e reconhecimento crescente de que os fatores ESG são fundamentais ao desempenho corporativo e de investimento. O relatório explica que, diante desse cenário, fornecedores devem intensificar investimentos para expandir serviços, aumentar capacidades e estabelecer parcerias estratégicas.
“O crescimento do tema ESG está evidente em todos os lugares. Investidores, bancos e empresas firmaram uma série de alianças, comprometendo-se a reduzir suas próprias emissões de carbono e as de seus portfólios. Esse crescimento tem impulsionado o financiamento de desenvolvimentos e melhorias em métodos de produção mais limpos, cadeias de suprimento sustentáveis, padrões de consumo de empresas responsáveis e, de maneira geral, mudanças de comportamento em direção à sustentabilidade empresarial”, explica Adriana Frantz.
De acordo com o relatório, as empresas enfrentam desafios na priorização e comunicação eficiente de ações de ESG, devido à complexidade. Outra questão surge na medição imprecisa das práticas, com empresas e consultorias oferecendo classificações, amplamente utilizadas por investidores e acadêmicos. A dificuldade em vincular o desempenho ESG ao financeiro e o debate sobre o impacto nas empresas, que podem preferir externalizar custos, como poluição, são pontos centrais, dada a complexidade da relação, que pode variar dependendo das dimensões avaliadas ou de fatores externos.
“Embora a sustentabilidade e o ESG tenham se tornado mais populares, ganhando tração dentro das organizações, a implementação de uma estratégia sustentável ainda é repleta de dúvidas e desafios. Muitos executivos acreditam que ações simples, como a divulgação de um relatório de sustentabilidade, são suficientes e se frustram quando não conseguem obter resultados dessa forma”, finaliza Adriana.
ISG Provider Lens Sustainability and ESG 2023
O relatório ISG Provider Lens Sustainability and ESG 2023 para o Brasil avalia as capacidades de 81 fornecedores em cinco quadrantes: Serviços de Estratégia e Capacitação, Soluções Tecnológicas e Serviços de Implementação – TI, Soluções Tecnológicas e Serviços de Implementação – OT, Plataformas de Dados e Serviços Gerenciados e Serviços de Classificação e Benchmarking.