No ano passado, ocorrências climáticas extremas, como as fortes chuvas que inundaram áreas do Sul e do Sudeste do país e a seca histórica registrada na Amazônia, representam claros sinais de instabilidades que podem se estender para este ano.
Essas tendências são confirmadas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que prevê a intensificação do aquecimento anormal do Oceano Pacífico, até abril de 2024, em decorrência do fenômeno El Niño. E isso aponta para um agravamento das condições ligadas ao clima, aumentando o potencial para ocorrência de eventos extremos em várias regiões do mundo, com possibilidades de desastres ambientais.
De acordo com Sibylle Muller, CEO da NeoAcqua, empresa especialista em economia verde a partir de sistemas de tratamento de água e esgoto, esses desastres ambientais representam uma ameaça significativa para a sociedade, podendo causar impactos devastadores no meio ambiente e nas comunidades. “Temos que definir, com urgência, estratégias para enfrentar este desafio, seja com ações preventivas ou por meio de ações que reduzam impactos durante ou após a ocorrência dos eventos”, explica.
Além disso, a preocupação com o forte calor também está associada a outros problemas, como a iminente crise hídrica. Segundo dados apresentados na Conferência das Nações Unidas sobre a Água, em 2023, dois terços da população mundial enfrentarão escassez de água até 2025.
Para Muller, a crise hídrica representa um desafio crítico e impõe a busca urgente de ações importantes, já no curto prazo, como:
- Gestão responsável e sustentável dos recursos hídricos existentes, visando a preservação de mananciais superficiais e subterrâneos;
- Apoio a políticas públicas para a melhoria de distribuição de água potável, para o maior número de pessoas;
- Construção de redes de coleta que permitam coletar esgotos sanitários no meio urbano, sem contaminar o entorno e a água subsuperficial;
- Instalação de estações de tratamento de esgotos, ligadas às redes de coleta, que permitam, por meio de tecnologias confiáveis, evitar a poluição dos rios, lagos e oceanos, preservando o meio ambiente;
- Implementação de tecnologias que minimizem as perdas de água ao longo das redes de distribuição de água potável, permitindo que um maior volume de água seja disponibilizado para a população;
- Realização de um trabalho junto à população sobre o consumo responsável de água, mostrando a necessidade de evitar desperdícios.
- Conscientização da sociedade e dos governos sobre alternativas disponíveis de reciclagem da água, com boa economia financeira e de água;
- Sensibilização de empreendedores e investidores sobre os ganhos de valor dos empreendimentos planejados com a possibilidade de reuso de água.
“Já não estamos falando mais de consequências que podem vir nas próximas décadas e sim nos próximos anos, o que demonstra a urgência que devemos ter nessa questão”, finaliza a especialista da NeoAcqua.